terça-feira, 28 de abril de 2009

Sabesp dá dicas sobre como e onde reciclar óleo de fritura

Debater as questões e definir estratégias sobre a coleta, o reúso e destino final do óleo de fritura foram tema do Seminário do Mapa da Coleta e Reciclagem de Óleo no Estado de São Paulo, promovido pela Companhia de Saneamento Básico (Sabesp-sede Pinheiros) e pela Associação Brasileira para a Sensibilização, Coleta e Reciclagem de Resíduos de Óleo Comestível (Ecóleo).

O evento também apresentou as experiências e iniciativas de localidades no País e de empresas sobre a reutilização do óleo de fritura. Elma Miranda, há seis anos, questionava-se sobre para onde ia o óleo de fritura quando ainda descartava o produto no ralo da pia da cozinha da sua casa. A resposta veio de um de seus quatro filhos que aprendera na escola que aquele resíduo contribui para a degradação do meio ambiente. Além de entupir o encanamento, impermeabilizar fossas sépticas, contaminar rios e lençóis freáticos, ainda poderia também colocar a vida aquática em risco, comprometendo sobremaneira a alimentação humana.

Elma aprendeu a lição. Ela e mais um grupo de mulheres do bairro da Lapa, na capital, fundaram a Cooperativa de Produção dos Trabalhadores em Materiais recicláveis da cidade de São Paulo (Coopervivabem). A instituição visa ao recolhimento de óleo em residências, apartamentos e pequenos comércios na cidade. "Nós recolhemos o produto nesses locais por meio de pontos de coleta, em garrafas Pet deixadas pelos moradores. Depois, vendemos para outras beneficiadoras que o transformarão em biodiesel e em materiais de limpeza. Com isso, ajudamos na preservação do meio ambiente e geração de renda para diversas famílias", observou Elma, cuja empresa onde trabalha é responsável pelo recolhimento de cerca 900 litros de óleo por mês.

De acordo com o assessor do Meio Ambiente da Sabesp, Marcelo Morgado, O seminário tem o objetivo de unir moradores, empresários, ONGs, estudantes e pesquisadores. E também de projetar ações regionalizadas e discutir a melhor estratégia sobre a utilização do óleo de fritura no Estado de São Paulo. "O momento é oportuno para conscientizar que este benefício é de todos. Os danos causados aos sistemas de saneamento são enormes", afirmou Morgado, ressaltando que um litro de óleo de fritura pode contaminar mais de 25 mil litros de água, além de obstruir a rede de esgoto.

Inovação
Pioneira no recolhimento de óleo usado, a moradora do bairro Cerqueira Cesar, na região da Avenida Paulista, na capital, Célia Marcondes - presidente da ONG Ecóleo - percebeu a importância de organizar uma ação para reduzir os efeitos nocivos do óleo. Começou numa iniciativa localizada na Sociedade Amigos e Moradores de Cerqueira César (Sarmocc) em parceria com a ONG Trevo (empresa especializada neste tipo de coleta e reciclagem) em 2006. Hoje, a Ecóleo criada em 2009 faz a coleta de aproximadamente 1,5 milhão de litros de óleo vegetal por mês, deixando de poluir mais de 27 milhões de litros de água potável e gerando 160 postos de trabalho no Estado.

Segundo Célia, é necessária a união entre as pessoas, Governo e instituições de pesquisa para minimizar os prejuízos causados pelo óleo de fritura. "O que nos move é o interesse em proteger, principalmente, as águas e melhorar a qualidade de vida de todos. Mesmo com tantos danos causados até agora, ainda temos tempo para reverter essa situação". A Trevo, em parceria com a ONG de Célia, coleta 38 toneladas de óleo de fritura mensalmente na região. O óleo é descartado em recipientes plásticos de 50 litros, fornecidos pela própria ONG e depois segue na maior parte para usinas de biodiesel.

Depois da experiência pioneira em Cerqueira César, a Sabesp ampliou as parcerias para estimular a reciclagem em outros bairros da capital e também em outras cidades do Estado. Para isso, criou em 2007 o Prol: programa para fomentar a reciclagem de óleo de fritura, em especial nos municípios operados pela Sabesp, e consolidar as várias parcerias da companhia neste sentido. Dentre elas estão ações organizadas em conjunto com as prefeituras de Osasco, Registro, Itapetininga, Lins, Jales e Presidente Prudente.

Consciência coletiva
A estudante do curso técnico em Meio Ambiente Fernanda Maehara, de 25 anos, não quer ficar de braços cruzados diante dessa situação. Assim que soube do Seminário não mediu esforço para aprender sobre a reutilização do óleo de fritura. Fernanda optou em participar, pois pretende fazer um trabalho de conscientização no seu condomínio, no bairro da Liberdade, onde mora. Segundo ela, estudantes e moradores têm o dever de aprender e aplicar essas iniciativas. "Acompanho o dia a dia do meu prédio, ando pelas ruas do meu bairro, e vejo que a maioria não guarda esse tipo de óleo. Aprendi muito neste encontro e pretendo instalar um projeto de armazenamento e coleta desse resíduo".

Já o professor doutor da USP de Ribeirão Preto, Miguel Dabdoub, representou a organização Biodiesel Brasil, que realiza a reciclagem de óleo de fritura e a destina para a produção de biodiesel. Ele lembra que iniciativas como as de Fernanda são importantes para que a sociedade solidifique a ideia de preservação e reciclagem do óleo de fritura e outros materiais, mas é preciso tomar alguns cuidados. "Toda preocupação para o reaproveitamento de óleo é válida, porém, se esse processo não for feito corretamente as consequências podem ser desastrosas", alerta Miguel. Segundo ele, a tecnologia ainda é nova no País "e precisamos melhorar o nosso know-how científico".

O óleo funciona como um aglutinador de resíduos jogados na rede - como pontas de cigarros, fio dental, cotonete, preservativos e absorventes - obstruindo a tubulação. Além de beneficiar a rede de esgoto, destinar o óleo à reciclagem evita a poluição das águas. Atualmente, o Brasil produz cerca de 9 bilhões de litros de óleo vegetal por ano, e apenas 2,5% são utilizados pelo processo de reciclagem: separação, coleta e filtro.

Dicas para reciclar
*Após usar o óleo, espere esfriar e despeje-o num vasilhame bem fechado, que pode ser uma garrafa Pet
*Leve o óleo ao posto de reciclagem mais próximo da sua residência e coloque-o no lugar indicado
*Caso não saiba como fazer, peça ajuda ao promotor do posto de reciclagem
*Pratique e divulgue está ideia no seu bairro.

Em Sergipe solicite maiores informações:

Biodiesel Associados do Nordeste

Rua Lgarto 795 centro

Fones: 79-3043-8282 - 9119-1331

oleogotaagota@hotmail.com

sábado, 11 de abril de 2009

TAM e Airbus testarão bioquerosene de aviação‏

Isto É Dinheiro

O gerente de combustíveis da TAM, Paulus Figueiredo, afirmou hoje que a companhia pretende realizar em outubro o primeiro teste com bioquerosene de aviação em parceria com a Airbus. Segundo ele, a fabricante de aviões finaliza os testes de laboratório para certificar o combustível, feito a partir de óleo de pinhão. A ideia é realizar um voo "Galeão-Galeão", disse Figueiredo, decolando e pousando no mesmo aeroporto.

O teste faz parte de um projeto para reduzir emissões de gás carbônico nos voos da companhia, evitando multas que serão cobradas pela União Europeia. Segundo o executivo, a TAM calcula que teria de pagar entre 3 e 6 milhões de euros por ano por suas emissões em rotas para a Europa. "Com a adição de bioquerosene, a redução da multa é proporcional ao porcentual do biocombustível", explicou Figueiredo, em entrevista após palestra no evento "Do petróleo ao Biocombustível", promovido pela Hart Consulting, no Rio.

As duas parceiras estão em processo de certificação de uma mistura de até 50% de bioquerosene com querosene de petróleo. Figueiredo explicou, no entanto, que os altos custos de produção do biocombustível não permitiriam o uso do porcentual máximo. "A ideia é acrescentar 1% no primeiro ano e ir crescendo à medida em que se tornar mais competitivo", disse o executivo. A primeira batelada de bioquerosene produzida pela TAM foi feita com quatro toneladas de pinhão manso adquiridas junto a pequenos produtores e transformadas em biodiesel nos Estados Unidos.

Por Nicola Pamplona